Estudantes e movimento negro pedem cotas na USP e desaprovam bônus
Aluno preto, pardo e indígena pode ter até 25% de sua nota do vestibular aumentada pelos bônus recebidos; entidades criticam "falsa inclusão"
"Mais uma vez a USP demonstra que não quer discutir
cotas. Todos os projetos que eles dizem ser para incluir a população
pobre e preta não é cotas. A gente exige cotas, que é reserva de vagas.
Ou seja, garantia de que vai ter população pobre e preta aqui dentro",
destacou Valéria Couto da Silva, estudante e membro do Núcleo de
Consciência Negra da USP.
"A proposta para a gente é uma falsa inclusão. Esse
processo não inclui nem a população pobre nem a população negra, isso só
prejudica o debate. Não só os estudantes da USP, mas todo o movimento
negro, que está apoiando essa manifestação, defendemos a cota racial",
destacou Cipriano Filho, da Uniafro Brasil.
O conselho criou um bônus
que pode elevar a nota em até 5% - a depender do resultado obtido na
prova - dos vestibulandos que se declararem pretos, pardos ou indígenas e
tenham cursado integralmente o ensino básico em escolas públicas, e
aumentou de 8% para 12% a bonificação na nota dos alunos que tenham
cursado o ensino médio em escola pública; elevou de 8% para 15% a
bonificação dos candidatos que fizeram o ensino fundamental e
integralmente o ensino médio na rede pública. Também aumentou de 15%
para 20% o bônus para o aluno que cursou integralmente o ensino
fundamental na rede pública e o segundo e terceiro anos do ensino médio
em escolas públicas.
Assim, o aluno preto, pardo e indígena que tiver cursado
integralmente o ensino fundamental na rede pública e o segundo e
terceiro anos do ensino médio em escolas públicas pode chegar a ter até
25% de sua nota do vestibular aumentada pelos bônus recebidos, a
depender do seu desempenho na prova.
"O núcleo de consciência negra pauta essa questão há
mais de 20 anos dentro da universidade e nunca a universidade tinha
sequer citado a palavra raça ou negro em algum documento interno
relacionado a seleção de estudantes. Por esse aspecto, pela primeira
vez, a USP admite que exite uma dívida histórica com o povo negro e por
isso a existência desses tímidos 5%", disse o representante dos
estudantes de pós-graduação no Conselho Universitário, Leandro
Salvático.
Em contrapartida a proposta da USP, o movimento negro
propôs um projeto de lei à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
que prevê cotas para as vagas da universidade: 25% para população que
se declara negra, parda e indígena; 20% para oriundos da escola pública;
e 5% para pessoas com alguma deficiência.
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