Eu, como sou.
Quando vão me respeitar?
Sou mulher e sou negra...
Quando vão me ver?
Tenho muito o que aprender...
Cansada de vagar pela vida a
procura de respostas às minhas insatisfações, comecei a agir. O agir, aglomera
uma série de outros fatores, como me descobrir no mundo, me respeitar, me amar.
Olhar pra mim como sou, como guerreira que sou
e conhecer minha história, minha ancestralidade, descobrir minha
negritude.
Olho pro espelho e já não vejo
mais uma menina perdida, sem respostas. Estou consumindo as respostas e me
transformando nas verdades que descobri.
Tudo o que pedi ao céu quando meu
mundo um dia caiu, foi que eu me tornasse uma outra pessoa. “Quero ser outra
pessoa”, em meio a lágrimas e soluços, se tornou meu mantra diário.
Aos poucos, percebi que não era
ser outra pessoa que eu precisava, e sim, finalmente olhar para mim mesma.
Olhar para cada parte de mim e me amar conforme sou, porque é assim que tem que
ser. Observar cada parte do meu corpo que foi menosprezado por tanta gente,
zombado, ignorado e transformar tudo isso em motivo de orgulho de mim mesma.
É difícil aprender a exercer amor
próprio quando o mundo inteiro te ensina a não se amar. Quando todas as pessoas
são instruídas a te tratar como sobra, como resto, como um ser à parte de todos
os que ali estão.
Complicado ter autoestima elevada quando a mídia não olha pra você, o comércio não olha pra você, o transporte público não olha pra você, e quando o mundo todo segue um padrão que não tem nada a ver com você. Se sentir a sobra do mundo, foi meu maior sentimento durante muitos anos. Durante muitos anos achei realmente que eu não cabia nesse mundo, mas finalmente entendi que é o mundo que não cabe em mim. Já não tenho mais espaço para aceitar a opressão como algo corriqueiro, como se fizesse parte do meu dia-a-dia. A opressão não me pertence. Não sou prisioneira dela. Sou dona de mim, do meu corpo e da minha mente. E ninguém pode dizer que eu não existo, porque eu me faço evidenciar.
Complicado ter autoestima elevada quando a mídia não olha pra você, o comércio não olha pra você, o transporte público não olha pra você, e quando o mundo todo segue um padrão que não tem nada a ver com você. Se sentir a sobra do mundo, foi meu maior sentimento durante muitos anos. Durante muitos anos achei realmente que eu não cabia nesse mundo, mas finalmente entendi que é o mundo que não cabe em mim. Já não tenho mais espaço para aceitar a opressão como algo corriqueiro, como se fizesse parte do meu dia-a-dia. A opressão não me pertence. Não sou prisioneira dela. Sou dona de mim, do meu corpo e da minha mente. E ninguém pode dizer que eu não existo, porque eu me faço evidenciar.
Quando o mundo te olha como uma
aberração, como o exemplo de todas as coisas que são erradas, como um ser
assexuado ou um ser sem sentimentos. Quando erotizam seu corpo, mandando uma
mensagem subliminar pro seu cérebro te dizendo que nada mais resta pra você a
não ser usada para o prazer alheio.
Quando as pessoas só te procuram pra uma noite e lhe condicionam a crer que
você não é digna de estar ao lado de alguém, de viver um romance, algo
verdadeiro... É aí que você tem de olhar pra você, se perguntar se você
realmente merece essa situação, se era exatamente assim que você sonhou a vida
inteira em ser tratada.
Tem de se perguntar se realmente
o formato do seu corpo deve determinar o que você pode ou não obter da vida.
A luta diária é sobre se
redescobrir como ser humano, como mulher que já está cansada de ter de se
adequar a padrões, cansada de ter suas curvas desrespeitadas, cansada dessa
sexualização/erotização excessiva da mulher preta e principalmente quando ela é
gorda.
Devemos quanto mulheres
conscientes, desconstruir toda essa falácia que gira em torno da nossa
aparência, desmontar o sistema europeu que insiste em se infiltrar em nosso
cotidiano, fazendo com que nossas curvas naturais sejam mero apetrecho sexual e
vitrine para olhos desvalorizadores.
A mulher preta e gorda possui a
beleza inerente a todas as mulheres. Beleza é algo particular e único de cada
um de cada um e devemos aprender a respeitar nossos traços, nosso corpo, nossas
características e lutar por maior visibilidade, já que não vivemos num país
branco e tampouco sem formas.
Alessandra de Mattos.
Preta&Gorda
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