Primeira ministra negra da Itália é atingida por bananas em ato de violência racial
Após ser comparada com um orangotango pelo vice-presidente do Senado,
Roberto Calderoli, a ministra de Integração da Itália, Cécile Kyenge, de
origem congolesa, foi alvo de outro ato de intolerância e desprezo na
noite de ontem, quando foi atingida por duas bananas lançadas por
militantes do movimento Força Nova, da extrema direita.
Os fatos ocorreram em uma festa do progressista Partido Democrata (PD), o
mesmo do primeiro-ministro Enrico Letta, na cidade de Cervia, no
nordeste do país, informou neste sábado a imprensa italiana.
Um desses integrantes da Força Nova, que já tinha aquecido o ambiente
com uma manifestação na última quinta-feira, lançou duas bananas em
direção ao palco em que a ministra discursava, embora sem atingi-la
fisicamente.
Sem dar importância ao gesto, Cécile usou o Twitter para comentar o ato.
"Com tantas pessoas morrendo de fome por causa da crise é triste
desperdiçar comida assim", afirmou a ministra na mensagem divulgada por
sua equipe assistente, a qual confirmou o ocorrido.
Dado o alto nível de crispação gerado na extrema direita em torno da
primeira ministra negra da Itália, a polícia estava alerta em relação à
possíveis ataques contra Cécile, mas, mesmo assim, não conseguiu evitar
essa agressão.
"Havia um grupinho de opositores, mas ninguém viu. Saíram logo em
seguida. A ministra não comentou o episódio de modo particular porque é
uma pessoa educada", afirmou os jornalistas Paola de Micheli, do PD, que
estava presente no momento do ato.
Um dia antes, na quinta-feira, no mesmo local da festa do PD, militantes
da Força Nova também colocaram três bonecos sujos com tinta, que
simulava ser sangue, ao lado de panfletos contra o plano do governo
italiano de conceder nacionalidade aos filhos de imigrantes nascidos na
Itália. Segundo os militantes da extrema direita, "a imigração mata".
O lançamento de bananas se soma aos últimos episódios ofensivos dos
quais a ministra italiana já foi vítima, a começar pelo comentário
lançado pela ex-conselheira da separatista Liga Norte, Dolores Valandro,
o qual valeu sua expulsão do partido além de uma condenação de 13 meses
de prisão e três anos de inabilitação por instigação a atos de
violência sexual por motivos raciais.
Na noite do último dia 13, o vice-presidente do Senado, Roberto
Calderoli, também da Liga Norte, gerou uma grande polêmica no país ao
comparar a ministra negra com um orangotango.
Fonte: Folha e São Paulo
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