Entidade nacional acusa policiais de Alagoas de racismo
A professora universitária Franqueline Terto dos Santos e o
esposo, o administrador Benedito Jorge Silva Filho, alagoanos e negros
ativistas de movimentos pela promoção da igualdade racial, junto com a
entidade nacional Agentes de Pastoral Negros acusam um grupo de
policiais militares de Alagoas de racismo e abuso de autoridade, após
terem sido vítimas de uma abordagem truculenta na tarde do último
domingo, na Praça Lions, na Pajuçara, em Maceió.
O casal formalizou o Boletim de Ocorrência na Central de Flagrantes
na noite do dia dos pais após ter sido algemado e agredido moralmente
por policiais da Radiopatrulha. Segundo Benedito, a polícia havia
agredido um jovem usuário de drogas naquela praça e três turistas,
amigos do casal, teriam filmado toda a ação. Incomodados, os policiais
ordenaram aos turistas que apagassem o vídeo, o que não aconteceu.
“Os turistas vieram de Pernambuco, estavam hospedados na nossa casa.
Um deles é professor universitário, assim como a minha esposa, e veio a
convite da Ufal para orientar um curso. Por volta das 16h30 do domingo
marcamos de buscá-los na Praça Lions e, quando chegamos, a confusão já
estava feita”, explicou o administrador.
No intuito de apaziguar a situação, a professora universitária teria
chegado ao local na tentativa de um diálogo e evitar maiores problemas,
mas não foi o que aconteceu. A assistente social Franqueline dos Santos
tentou o diálogo, mas acabou ouvindo grosserias, além de ter sido
empurrada por um dos policiais.
“Começou com o dedo indicador a gesticular no rosto da minha esposa e
um empurrão que deram nela. Ela é membro Conselho Regional do Serviço
Social, não é nenhuma vagabunda pra eles a tratarem daquela forma!
Depois, quando eu cheguei perto, pediram pra eu sair, mas eu disse que
não podia sair porque estava ao lado da minha esposa. Eles disseram que
eu tinha três segundos, como eu não saí, mandaram me algemar. Fomos
algemados como bandidos dentro de uma viatura. Eles só nos soltaram
depois que negociaram com nossos amigos para apagar o vídeo da câmera”,
disse Benedito.
Ativistas pela causa dos negros, a professora e o esposo afirmam que
foram vítimas de racismo e que tiveram os direitos de cidadãos violados
pelos policiais porque apesar de não terem sido os responsáveis pelo
vídeo, acabaram sendo os únicos a serem algemados - mesmo sem
apresentarem resistência.
“Primeiro tenho o sentimento de que tive meus direitos de cidadão
violados, e depois o sentimento de impotência. De sentir na pele o que
os nossos jovens negros sentem na periferia no seu cotidiano. Quando a
gente chegou, o caso já estava feito, mas a polícia só algemou a nós,
que éramos os únicos negros”, explicou Benedito.
“Olhe que nós somos pessoas esclarecidas e estávamos bem vestidos,
num local público e bem frequentado. Não estávamos com o estereótipo de
malandro e eles [a polícia] fizeram isso com a gente. Imagino como eles
fazem na periferia quando abordam um jovem negro”, analisou. “E ainda
disseram que era um procedimento padrão”, ironizou.
Fonte: Tribuna Hoje
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