Negros estudam menos, mesmo nas regiões mais ricas de São Paulo, aponta estudo
Segundo especialista, os meninos negros são os têm mais dificuldade de acesso e permanência no sistema educacional.
Por Sarah Fernandes, da RBA
Estudantes das periferias enfrentam mais problemas de infraestrutura e rotatividade de professores
São Paulo – Mesmo nas regiões mais ricas da cidade de São Paulo, a
população negra soma menos anos de estudo se comparada à branca e à
amarela, aponta o estudo Educação e Desigualdades na Cidade de São
Paulo, lançado nesta semana pela organização não governamental Ação
Educativa.
“A variação no número de anos de estudo conforme ocorre o afastamento
da região do centro expandido do município se dá de forma mais
acentuada no interior da população branca e amarela do que em relação à
população negra”, destaca o estudo. “Ou seja, mesmo em locais de maior
concentração de renda domiciliar, o número de anos de estudo da
população negra é inferior ao número de anos de estudo da população branca.”
Segundo o levantamento, a população branca e amarela apresenta as
maiores taxas de ensino superior completo, enquanto os negros e os
indígenas concentram as taxas mais elevadas da população sem instrução
ou com ensino fundamental incompleto.
“A questão racial é um elemento que impacta no acesso, na permanência
e no sucesso na educação. Ela opera para as desigualdades educacionais
na cidade”, afirma uma das autoras da pesquisa, Denise Carreira. “O
fenômeno do racismo está em toda a cidade e gera obstáculos para a
permanência, sobretudo dos meninos negros, nas escolas. Há um dado
nacional que mostra que os meninos e jovens negros são os mais expulsos
das escolas e que mais reprovam.”
Ela reforça que o processo de especulação imobiliária, que expulsou a
população mais pobre – composta por uma grande parcela de negros – para
as periferias das cidades, fez que essas áreas concentrassem também
mais problemas nos equipamentos educacionais. “Em geral, as escolas são
mais frágeis, com condições mais precárias e maior rotatividade dos
professores, elementos que reforçam as desigualdades.”
Fonte: Africas
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