Ex-pantera negra discursa sobre genocídio da juventude e emociona público presente
Ericka Huggins passou por duas universidades e estará presente neste
sábado (21) na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP)
José Francisco Neto
da Redação*
Em
ciclo de debates em São Paulo, a ex-militante do partido dos Panteras
Negras (Black Panthers), Ericka Huggins, estará neste sábado (21) na
Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, interior paulista. A
ex-black panthers já proferiu palestras na Universidade de São Paulo
(USP), na terça-feira (17), e na Pontifícia Universidade Católica
(PUC-SP), na quarta (18).
Nas universidades em que esteve
presente, Ericka falou sobre o genocídio da juventude negra da
periferia, os sacrifícios que os negros passam para entrar nas
universidades públicas e sobre as perseguições às religiões de matrizes
africanas. Explanou também sobre o machismo, que sempre esteve presente
na época do partido, mas que os homens o combatiam diariamente.
“Mulheres pegavam em armas e homens trocavam as fraudas”, disse.
Entre
as pessoas que tiveram o contato com a ex-militante, o sentimento
enobrecedor de coragem, resistência e persistência na luta cotidiana foi
unânime.
“Ela mostrou que a luta é justa, válida e possível. Ela
deixou bem claro que veio da periferia e se orgulha disso.
Praticamente, nos intimou a escrevermos nossas próprias histórias
através da luta popular”, relata Irenita Ferreira, militante do
movimento Juventude Libre. Ela e mais cerca de 250 pessoas lotaram o
auditório de Geografia da USP. O evento serviu como lançamento público
do Coletivo de Estudantes Negros da USP, cujo manifesto foi lido ao
final sob intensos aplausos dos presentes.
Ericka entrou para o
Partido dos Panteras Negras aos 15 anos. Em 1969 - com 18 anos de idade -
se tornou uma das líderes da célula do partido junto ao seu marido John
Huggins, em Los Angeles. Um ano depois, seu companheiro foi
assassinado, deixando uma filha recém-nascida. Mesmo com todas as
dificuldades, permaneceu no partido e até hoje continua lutando. Éricka
retornou aos estudos, pois acredita que a educação é uma arma
revolucionária, assim como a cultura.
O partido Black Panther
O
‘Black Panther Party’ foi fundado em 1966 em Oakland, na Califórnia,
por Huey Newton e Bobby Seale. A finalidade original do partido era
patrulhar os guetos negros para proteger os residentes dos atos de
brutalidade da polícia.
No entanto, o crescente número de prisões esvaziou
gradativamente a ação do partido. A polícia agia cada vez mais com
severidade. A hostilidade empregada foi tamanha que o próprio Congresso
abriu investigações sobre a ação policial.
De toda forma, os
Panteras foram reprimidos, suas lideranças dissolvidas e o movimento
perdeu a simpatia dos negros. A mudança no cenário fez com que os
remanescentes do partido abandonassem a violência das reivindicações e
adotassem estratégicas políticas convencionais e a prática de serviços
sociais para a população negra.
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