Maioria das vítimas do tráfico de pessoas é mulher e negra

Um relatório elaborado em conjunto pelo Ministério da Justiça e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UnoDC), divulgado nesta segunda-feira (28), aponta que a maioria das vítimas de tráfico de pessoas no Brasil são mulheres pretas ou pardas.

Os dados integram o "Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas no Brasil", que reúne, pela primeira vez, números de sete órgãos do governo federal sobre o crime e contabiliza dados de 2012. 

Segundo o relatório, a Polícia Federal (PF) detectou em 2012 o maior número de casos de tráfico de pessoas desde 2006: foram 348 registros. Três órgãos do governo federal – Secretaria Nacional de Segurança Pública (que reúne dados das policiais civil e militar no país), PF e Polícia Rodoviária Federal (PRF) – registraram 966 ocorrências e inquéritos sobre o crime.

Das 130 vítimas de tráfico de pessoas identificadas, 104 eram do sexo feminino e 26 do masculino. O levantamento do Executivo federal também apontou que 65% das vítimas de tráfico de pessoas tem até 29 anos.

Quando os critérios são raça/cor, 59% das vítimas mulheres são pretas ou pardas. Dentre os homens, a porcentagem de pretos ou pardos vítimas do crime é ainda maior: 63%.
Além disso, o relatório observa que, em 2012, 43% das pessoas resgatadas eram crianças e adolescentes. Em 2010, esse percentual era de 60%.

O número de casos de tráfico de pessoas registrado pela PRF em 2012 é o maior identificado pela corporação desde 2008, quando haviam sido localizadas 906 vítimas.

Cristo Redentor
O relatório do Ministério da Justiça foi divulgado por ocasião Semana Nacional de Mobilização pelo Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, realizada pela pasta em parceria com o UnoDC para acompanhar a abrangência do fenômeno no Brasil. Durante três dias, a partir da noite desta segunda-feira, o Cristo Redentor ficará iluminado de azul em homenagem à campanha “Coração Azul”, que luta contra o tráfico de pessoas no mundo. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, prestigiará o lançamento da campanha na capital fluminense.

O levantamento anterior sobre tráfico de pessoas, divulgado em 2013 e que consolidava dados entre 2005 e 2011, contabilizava casos de parte das instituições e buscava reunir informações para um plano nacional de enfrentamento ao crime. O relatório do ano passado reunia apenas parte da instituições e não pode ser usado para comparação com o documento divulgado nesta segunda-feira.

O governo federal ressaltou que trabalha para estabelecer uma metodologia de coleta periódica e sistemática dos números, na medida em que, atualmente, cada instituição tem uma padronização diferente de registro.

“Percebemos que o esforço na ampliação da notificação dos dados tem surtido efeito com o aumento progressivo na visibilidade da questão do tráfico de pessoas e com a inclusão de novas fontes de dados. Quatro instituições que não apareciam no relatório anterior somam-se ao atual”, ponderou o Ministério da Justiça por meio de nota.

Tráfico de pessoas no exterior
Das oito vítimas de tráfico de pessoas identificadas pelos consulados brasileiros no exterior em 2012, metade foi traficada para fins de exploração sexual e a outra metade, para exploração laboral. Dois brasileiros foram localizados na Alemanha e outros dois, na Índia.

Em relação aos sete anos anteriores, é a primeira vez que Sérvia e Romênia apareceram no mapa do tráfico de brasileiros. Em 2011, o Itamaraty havia identificadas nove brasileiros traficados no exterior e, em 2010, 218.

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