Mercado DI PRETA - 1º Concurso Miss Black Power do Brasil. O que rolou?

Por: Alessandra de Mattos, da Preta&Gorda.
Fotos: Afronaz Kauberdianuz e outras amadoras, produzidas no evento.


Quando me chamaram para fazer parte do júri deste evento, me senti honrada e um tanto amedrontada. Foi um baque pra mim, porque honestamente não me vejo com esse potencial todo para tecer julgamento em nosso meio, e tal. Enfim, com medo, aceitei o convite.

O Mercado DI PRETA, empresa de Salvador que faz a manutenção do que determinamos como Afroempreendedorismo, é liderado por duas moças lindas, extremamente simpáticas e empoderadas: Paula e Izabel. A ideia é a de um projeto itinerante promovendo comércio entre nós, sem ajuda/patrocínio governamental.  Apenas apoio entre nós.









E assim foi feito. Várias empreendedoras se uniram nesse ideal e foram cinco dias de muito discurso antirracista, muita cultura, muita unidade preta, floreando o Teatro do Oprimido, no Centro do Rio de Janeiro.
























O dia do desfile não foi diferente. O Teatro estava lotado de melanina aguardando as candidatas a serem escolhidas  como a Primeira Miss Black Power do Brasil, o que viria a ser mais do que uma mera simbologia, mas, um veículo de empoderamento e resistência.

Lendo os textos e conversando com as responsáveis pelo evento, o que mais me encantou e chamou atenção, foi o fato do Concurso rejeitar todo o costume de pradonagem estética. As mulheres usavam essencialmente Black Power, mas tinham altura, peso e idade variada. Olha que máximo! Tudo o que a gente precisa nesse país são mais movimentos que valorizem as curvas que temos e queremos ter, bem como a beleza ancestral intacta juntamente com os traços que o tempo e a nossa vivência proporcionam em nosso corpo. Precisamos redefinir com urgência nosso conceito sobre beleza.














Isso, sinceramente me deu um gás para participar.

No desfile, haviam questionamentos a serem respondidos pelas candidatas, e isso foi também muito emocionante. Pessoas com diferentes experiências de vida, trabalhando em setores diferentes, mas com uma perspectiva de futuro e uma consciência latentes de que muita coisa precisa ser mudada, principalmente no que concerne o pensamento de nós sobre nós mesm@s.

Vi ali, desejo de mudança, resistência, esperança. Vi pessoas participando não pelo simples fato de obter uma titularidade, mas por vontade de criar exemplos, de ser exemplo. De dizer que podemos sim, levantar de nossos lugares e empurrar a mão que segura o chicote e quebrar as correntes do racismo que ainda nos aprisiona.









































Cada discurso arrepiou minha alma, cada olhar, cada cabeça erguida sustentando o Black com orgulho.

Difícil para o júri, composto por pessoas há muito tempo envolvidas com a luta antirracista, mesa da qual posso dizer: tive  a honra de participar.





























A Miss e suas princesas foram finalmente escolhidas e muito bem votadas.







Parabéns a tod@s que participaram deste evento e que muitos outros aconteçam!



Mercado DI PRET@
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